Areia

Num dia ensolarado, com clima de praia, nós estávamos de carro, indo à mesma. Os pingos de suor no nosso rosto falavam não só da temperatura mas também da nossa agitação. Chegando lá, era paraíso. Brincamos na calçada, areia, água e tomamos picolé de dia. Seu sorriso era tão radiante que parecia que aquilo duraria pra sempre.

Mas tudo acaba uma hora ou outra. Vai ver suas pernas começaram a doer porque nadou demais, ou se queimou, ou até mesmo comeu empanada demais, mas de qualquer jeito, tivemos que deitar e descansar. Mas foi tão gratificante quanto pular com você por aí; sua fala era eloquente e o raciocínio nos seus pensamentos não tinha fim. Quase como se você fosse perfeito para qualquer ocasião. Ou talvez eu só te amava.

Ficou tarde, mas nós não queríamos sair ainda. Queríamos deixar nossa marca na praia como deixou em nós. Então combinamos de fazer um poema, nós dois. O meu era assim:

“O dia de sol

não se compara

a noite dos seus olhos.”

E fiz um castelo de areia, você olhando para o nada, com uma cara estranha. Me pediu para buscar água no carro, e assim o fiz. Mas quando eu voltei não tinha nada. Meu poema, meu castelo e você foram todos engolidos pela maré.